Dia do Pediatra: médicos falam sobre queda de vacinação infantil e tiram dúvidas
Dados divulgados em julho pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelam que, entre 2019 e 2021, a taxa de vacinação infantil sofreu a maior queda dos últimos 30 anos em 177 países, incluindo o Brasil. No dia em que é celebrado o profissional da medicina pediátrica, os médicos especialistas e professores da Universidade Unigranrio, Carolina Fleischman e Rafael Henrique, fazem recomendações e tiram dúvidas sobre a vacinação infantil.
Segundo o levantamento dos órgãos, entre 2019 e 2021, a vacina contra difteria, tétano e coqueluche caiu 5 pontos percentuais, ou seja, um total de 25 milhões de crianças ficaram sem uma ou mais doses do imunizante. Além disso, mais 6,7 milhões de crianças perderam a terceira dose da vacina contra a poliomielite e 3,5 milhões perderam a primeira dose da vacina contra o HPV – que protege meninas contra o câncer do colo do útero. Já a cobertura da primeira dose contra o sarampo caiu para 81% em 2021, o nível mais baixo desde 2008.
Carolina lembra que, ao longo de décadas, as vacinas vêm sendo nossas aliadas na prevenção de doenças graves que podem deixar sequelas no indivíduo ou levar a óbito. Um grande exemplo diz respeito à vacina contra a poliomielite (paralisia infantil), uma doença que atingiu milhares de crianças no passado e desde 1994 não aparecem novos casos no Brasil. “É preciso ressaltar que o calendário vacinal gratuito oferecido pelo SUS é super completo. Poucos países no mundo possuem uma política de cobertura vacinal como a nossa”, reforçou a médica.
A OMS e a Unicef afirmam que o declínio ocorreu devido a diversos fatores, como o número crescente de crianças que vivem em ambientes de vulnerabilidade e conflito, onde o acesso à imunização é dificultado; aumento da desinformação em relação a vacinas; e problemas relacionados à pandemia de covid-19, como interrupções de vacinação por governos, falhas na cadeia de suprimentos, desvio de recursos para combater à covid e medidas de contenção contra o coronavírus.
“Acredito que a falta de informação a respeito da importância das vacinas tem gerado essa queda na cobertura vacinal, juntamente com todo movimento causado pela pandemia e isolamento, levando ao atraso na aplicação de vacinas. Destaco os papéis dos pediatras e enfermeiros em verificar o calendário vacinal e orientar as famílias quanto à regularização dos itens em falta”, completou Rafael.
No SUS, podem ser encontradas vacinas contra poliomielite, rotavírus, hepatite B e Hepatite A, meningite do tipo C, além de HPV, gripe e outras. Além destas, os médicos reforçam que a vacina contra meningite do tipo B, que não está disponível no SUS, deve estar no radar das famílias, que podem tirar dúvidas sobre a aplicação com um pediatra.
“E nada de ficar ansioso esperando a criança apresentar febre ou alguma dor. Nem toda criança reage da mesma forma. Antes da aplicação de vacinas, converse com seu pediatra a respeito de quais medicações você pode utilizar caso alguma reação aconteça”, explicou Carolina.
Por fim, ela recomenda cuidados básicos em caso de reações: manter uma boa hidratação, deixar a criança descansar se for necessário e uma alimentação saudável. “Manter a cobertura vacinal ideal é uma forma de demonstrar nosso amor e cuidado com nossas crianças. Protegendo elas das doenças que, graças à evolução da medicina, nós podemos prevenir ou amenizar. Prevenção sempre é a melhor escolha”, destacou.
Link da pesquisa: https://www.unicef.org/press-releases/WUENIC2022release